quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ceará é destaque em olimpíadas científicas

Aluna do Castelo Branco participa de Olimpíada de História

Estudantes ganham reconhecimento tanto em competições do País, quanto em disputas realizadas no exterior
Estudantes do Ceará, tanto de escolas particulares quanto de instituições públicas, vêm alcançando expressivos resultados nas competições de conhecimento do ensino, nacionais e internacionais. Esse êxito, que torna o Estado referência no País, tem se acentuado, cada vez mais, nos últimos anos. Somente nestes nove meses de 2012, um total 32 alunos se deram bem nas disputas em modalidades diferenciadas como Física, Matemática, Química e Biologia, no Brasil e no exterior.

Alunos de instituições localizadas no Estado do Ceará, públicas ou privadas, também alcançaram um marco importante ao ganhar 21 medalhas de ouro em Olimpíada Nacional de Matemática, em fevereiro deste ano FOTO: JOSÉ LEOMAR

Esse feito, além de mostrar o talento dos estudantes, serve para atestar um novo redesenho no perfil do aluno de escola pública, que começa a fazer parte desse grupo seleto de vitoriosos. A supremacia cearense não é coisa nova entre estudantes. Em 2003, na Grécia, somente alunos do Ceará formaram a delegação brasileira na competição internacional de Química. Eles conseguiram vagas para representar o País após ganhar a Olimpíada Nacional em 2002.

O feito se repetiria em 2006, 2007 e 2009. O destaque dos estudantes na Química voltou a acontecer, recentemente, quando três alunos conseguiram o bronze na 44ª Olimpíada Internacional de Química, disputada de 21 a 30 de julho, em Washington, nos Estados Unidos.

Participaram da competição representantes de 72 países e coube aos alunos Gabriel Matheus Pinheiro, 3º ano; Ramon Santos Gonçalves Silva, do 3º ano e Vitória Nunes Medeiros, 3º ano, trazerem para o Estado medalhas de bronze. Estes três destaques do Ceará já vão encarar a Olimpíada Ibero-Americana de Química, que acontecerá até o dia 1º de outubro, na Argentina.

Nível

Na mais recente competição estudantil de nível internacional, acontecida de 3 a 7 de setembro em Cascais, Portugal, dois cearenses foram destaques nacionais na Olimpíada Ibero-Americana de Biologia. Alunos do 3º ano, Antônio Pedro Sousa Vieira e Jéssica Silva Lopes, conquistaram, respectivamente, as medalhas de ouro e prata.

Outros destaques deste ano podem ser citados, como o aluno João Lucas Camelo Sá, que ganhou medalha de prata na Olimpíada Internacional de Matemática, na Argentina. Aliás, João protagonizou façanha de maior repercussão, sendo admitido para estudar no valorizado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

No campo da Física, o destaque veio das medalhas de bronze conseguidas por José Luciano de Morais Neto e Lara Timbó Araújo durante disputa da Olimpíada Internacional de Física, realizada na Estônia.

O sucesso dos estudantes do Ceará não se limitou aos que se originavam da rede particular de ensino, alunos das escolas públicas também brilharam nos últimos anos em competições de conhecimento científico.

Rubens Cainan Monteiro, aluno do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), conquistou medalha de ouro na Olimpíada Nacional de Matemática das Escolas Públicas. Monteiro foi o 53º colocado em um universo de 18 milhões de estudantes que participaram da competição.

Os cearenses também alcançaram um marco importante ao ganhar 21 medalhas de ouro em Olimpíada Nacional de Matemática, em fevereiro deste ano. O estudante universitário Davi Lopes Alves de Medeiros, da Universidade Federal do Ceará (UFC) foi ouro na disputa da Olimpíada Acadêmica de Matemática, na Bulgária.

Vitórias são resultados de esforço e superação
Quando o foco é a medalha, o que poderá advir com a concretização da conquista? E o que há por trás do resultado? Portas que serão abertas para a carreira acadêmica futura; ingresso em instituições internacionais ou estudar nas melhores universidades do País. E o que pode levar a esta empreitada? Horas de lazer sacrificadas, convívio familiar comprometido, esforço contínuo e desgastante.

Medalha de prata na Olimpíada Ibero-Americana de Biologia, a estudante do 3º ano de escola particular, Jéssica Silva Lopes, 17 anos, que visa cursar Engenharia Química, no Instituto Militar de Engenharia (IME), estuda, diariamente, mais de 15 horas e justifica o esforço ressaltando a carga horária de ensino.

"Na luta pelo meu objetivo, sacrifico algumas coisas, até importantes, como o lazer, mas é por uma causa justa. A minha determinação em participar de olimpíada me exige muito, mas uma medalha custa esforço, noites pouco dormidas e até renúncias, entretanto, quando ela vem, vira sonho concretizado".

Disputa
Renata Cândido Carvalho, aluna do 3º ano, do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, que participa da 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, entende que o nordestino já é marginalizado. "Imagine o nordestino de escola pública. Neste tipo de escola, é o aluno e o professor. Se o aluno mostra interesse, o professor o motiva. Ser de escola pública não significa que o aluno tem que se mostrar menos capacitado. A olimpíada prova que o ensino público vem crescendo. Conquistar uma medalha é um sonho difícil de ser conseguido, mas não impossível, requer sacrifícios", diz ela.

O coordenador nacional do Programa Olimpíada de Química, projeto de extensão da UFC, professor Sérgio Melo, afirmou que a olimpíada funciona como ferramenta útil na identificação de talentos e adequada para estimular os jovens.

Melo desenvolve um projeto com objetivo demonstrar que é possível gerar estímulos aos estudantes das escolas públicas. A iniciativa conta com 85 participantes, todos de escolas públicas de Fortaleza.


ADALMIR PONTE - Repórter Diário do Nordeste

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